Pelo desconhecimento da sociedade sobre o tema, nem sempre é simples debater sobre os transtornos mentais e as possibilidades de tratamento com psiquiatria. Infelizmente, a temática ainda é um tabu e as pessoas sentem-se constrangidas em expor doenças psíquicas, temendo serem alvo de atitudes preconceituosas.

Diagnosticar doenças mentais é importante para que o paciente possa viver tranquilamente, fazendo uso da medicação recomendada ou seguindo as sessões de terapia. Entretanto, não é simples identificar o que está acontecendo e é fácil confundir os sintomas, por isso é tão importante procurar ajuda médica.

Atualmente, os transtornos mais comuns e conhecidos, de modo geral, são a ansiedade, bipolaridade, depressão e dependência química. Fatores genéticos costumam ser as principais razões para desenvolvimento dessas condições, além das alterações neuroquímicas ocorridas com o passar do tempo e a inserção familiar e social do ser humano.

Para cada etapa da vida, a começar pela infância, existem distúrbios distintos que podem se desenvolver. A manifestação das doenças da mente se acontecem de acordo com a maturidade psíquica do paciente, que se organiza de diferentes modos com o passar do tempo.

Cada fase representa riscos diferentes

As fases da vida vão mudando, passamos lidar com mais responsabilidade, pressões e, com tudo isso, os transtornos também se modificam. Algumas condições permanentes, como o autismo, podem ser diagnosticadas ainda na infância e não desaparecerem na vida adulta. Contudo, muitos distúrbios são exclusivos do público mais maduro, como a esquizofrenia, raramente ocorrendo na infância ou velhice. 

Com todo o corpo em crescimento, incluindo o cérebro, os transtornos do neurodesenvolvimento podem surgir desde os primeiros anos de vida, sendo a fase mais desafiadora para diagnosticar pacientes. Apenas com a chegada da maioridade as doenças mentais podem ser diagnosticadas com total certeza pelo psiquiatra, o que não impede o acompanhamento psicoterápico desde cedo.

1. Deficiência Intelectual

As características mais perceptíveis da deficiência intelectual estão ligadas à redução de desempenho mental em relação às demais pessoas da mesma idade. De acordo com a AAIDD – Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento, também é possível que outras condições afetem os acometidos por deficiência mental.

Dificuldades em manter a convivência em casa, cuidar da própria saúde, higiene e segurança, trabalhar e adaptar-se socialmente são outros traços comuns à doença. Em casos assim, é habitual notar que os comportamentos do paciente não correspondem à idade, o que não é uma regra.

2. Transtornos do Espectro Autista (TEA)

Pertencentes ao espectro autista possuem características parecidas em relação à dificuldade de interação com outras pessoas, fugindo do modelo tradicional de comunicação. É possível perceber sinais do distúrbio desde os primeiros meses de vida e intervir com terapias e estilos educacionais que colaborem para o desenvolvimento da criança.

Dentre as pessoas no espectro, é comum notar semelhanças quanto à indiferença frente às situações engraçadas e ao serem chamados pelo nome. Repetir incansavelmente os mesmos gestos com as mãos, palavras e caminhos também fazem parte das características dos distúrbios. Entretanto, existem subgrupos de TEA, com sintomas específicos e menos presentes.

3. Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)

Crianças com TDAH comumente são vistas como mais inquietas que a média, além de apresentarem maior dificuldade em reter informações. Aproximadamente 4% da população possui o transtorno, sem contar os não diagnosticados.

Por questões genéticas e neurobiológicas, o TDAH pode desenvolver-se e firmar traços de impulsividade elevada e desatenção, sendo a condição mental mais comum à infância.

4. Transtornos Específicos do Aprendizado

Pacientes com transtornos de aprendizado apresentam dificuldade elevada quando em comparação às crianças da mesma idade. Para os acometidos pelo distúrbio é mais difícil ouvir um ensinamento e absorvê-lo. Nesse caso, a alfabetização costuma demorar mais que o comum, além dos empecilhos com entendimento das operações matemáticas.

5. Depressão

Em quadros depressivos, a tristeza profunda é a característica mais presente, além da angústia, desânimo e ansiedade. Pensamentos negativos, irritabilidade, dificuldade em concentrar-se e esquecimento também estão entre as tendências de comportamento de alguém em depressão.

Mesmo que crianças e idosos também possam desenvolver o distúrbio, a depressão é mais comum em jovens de 18 aos 19 anos. A vontade de deixar tudo ou sumir é o que diferencia depressão da tristeza normal, reação comum frente aos problemas. Buscar o isolamento é uma tendência comum nesses casos, o que deve ser evitado ao máximo, evitando o acúmulo de pensamentos depreciativos.

6. Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar é carregado de mitos como a mudança repentina de humor. Ao contrário do que muita gente acredita, a bipolaridade não se trata de uma oscilação instantânea, como se o paciente se dividisse em personagens de um segundo a outro.

De fato, o Transtorno Bipolar promove mudanças bruscas de comportamento, variando entre humor e excitação máximas à tristeza profunda. O estado de euforia não desaparece repentinamente, assim como a tristeza também não, as alterações ocorrem, normalmente, em espaços semanais.

Fatores externos, hereditários e hormonais podem estar ligados ao desenvolvimento da doença, apesar de nada ter sido efetivamente comprovado. O mais importante é garantir o acompanhamento médico, evitando o desenvolvimento de compulsões alimentares e vício alcoólico.

7. Transtorno de Ansiedade Generalizada

É comum que o ser humano fique ansioso antes de um acontecimento importante. Entretanto, para os acometidos pelo Transtorno de Ansiedade Generalizada, a sensação é mais intensa e duradoura que o comum, tornando-se absolutamente aflitivo.

Alguns sintomas físicos podem ser desencadeados pela doença, como a tensão muscular e a fadiga. Inquietação, dificuldade para concentrar-se e para dormir também são fortes características do distúrbio. Contudo, a nível de diagnóstico, a condição apenas poderá ser definida depois de seis meses de persistência dos mesmos sintomas.

8. Demências

Devido o desgaste celular do cérebro, com o passar dos anos, à chegada da doença pode ocorrer tanto em homens quanto mulheres. A demência pode ser caracterizada pela deficiência na fala, memória, equilíbrio, visão, raciocínio e outros aspectos.

Comumente, a doença pode trazer consigo alterações drásticas de comportamento e personalidade. O surgimento da condição depende de diversos fatores, mas foi comprovado que a presença de outros males pode desencadear a demência, como o Alzheimer.

Seja qual for a etapa da vida, desde a infância à terceira idade, contar com ajuda qualificada é a melhor opção para manter-se saudável e ter mais qualidade de vida. Os 8 transtornos citados aqui são apenas algumas das várias condições psíquicas que o médico psiquiatra é capacitado para tratar.

Não há nada que determine o momento certo de pedir ajuda, mas existem excelentes benefícios em optar por buscar auxílio profissional ao sentir que alguns sintomas têm se mantido presentes e são difíceis de controlar. Quer saber como identificar quando bater um papo com o médico é recomendável? Leia o texto do blog do Dr. Orlandini e entenda mais sobre o assunto.